quarta-feira, março 02, 2011

POST NR. 500 - HOMENAGEM - Pablo Neruda




Pequenina.
Que hei-de contar-te, Pequenina, para que te divirtas? É noite, e estou alegre, sózinho na minha casa, que é como uma torre cheia de grades por onde miro a noite cheia de estrelas. Não me sinto cansado da viagem, apesar de ter sido tão acidentada. À meia noite esconderam-me debaixo de um catre, e aí estive cinco horas a gelar. Depois um carro de terceira. Nada de principesco. Mas, por fim cheguei. Vagueei toda a tarde por estas ruas que tanto tenho visto. Andei pelos arredores e trouxe grandes ramos de violetas que, de tão belas, deviam ser para ti. Que alegria ver este prado verde, e sentir-me eu, eu próprio livre de tanta tolice, ágil e só. Ah! Se aqui estivesses, fofinha. Se estivesses agora, ao pé deste braseiro que me aquece, se estivesses com os teus belos olhos tristes, com o teu silêncio que tanto amo, com a tua boca que precisa dos meus beijos. Vem, pequenina. Ou, pelo menos, pensa em mim.
Um, dois, três, cem beijos do teu
Pablo Neruda

PABLO NERUDA - CARTAS DE AMOR

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3 Comentários:

Às quinta-feira, 03 março, 2011 , Blogger Maria disse...

Já tinha lido mas saí sem comentar :-)

 
Às sábado, 05 março, 2011 , Blogger M. disse...

Teria Pablo Neruda gostado que alguém lesse esta sua carta depois da sua morte? É tão íntima.

 
Às sábado, 05 março, 2011 , Blogger Zé-Viajante disse...

É verdade. Mas ele deve ter desejado isso. E há, na minha opinião, certas intimidades que podem ser partilhadas. Como exemplos de Amor.
" Nunca se ama em demasia. O que nos deixa perdidos, é a falta de amor"
Daniel Sampaio em Vagabundos de Nós

 

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