Pombos...

Detesto pombos. Criaturas arrogantes, convencidas de que são donas do Mundo. Vejo-os por todo o lado sem respeito pelo espaço alheio. Não lhes chegando todo o território que era suposto ser deles, ainda invadem telhados, beirais, muros e tudo o mais que lhes dê na gana. Então é ver toda a imunda calçada, bancos tão sujos que convidam o transeunte a fugir dalí. As viaturas, estacionadas perto deles, são constantemente bombardeadas com dejectos corrosivos, a pedir lavagem não diária mas de hora a hora. E coitados daqueles seres que colocam roupa nos seus estendais. Na espectativa de que os seus trapos saiam de lá lavadinhos e enxutos, muitas vezes não têm outro remédio de que recomeçar todo o processo de lavagem. As " prendas " deixadas pelos pombinhos não dão outra alternativa.
Detesto pombos, repito. Não compreendo que haja alguém que goste de pombos. Parece-me que aqueles que os adoram vivem bem longe deles. Um dia, se me deixarem, hei-de correr com todos, mesmo que a pena seja dois dias de canil.
Simão
Nota final, dois dias depois:
O Zé não adora pombos. Muito longe disso. Pelo menos aqueles pombos. Sente-se agredido por eles e dá razão a quase todos os argumentos do Simão. Mas, não podendo fazer mais nada, fica a pensar que eles se vão multiplicando até entrar em cena o terror de Os Pássaros do Mestre Hitchcock
O Simão não detesta pombos. E quando quer correr com eles, é apenas a reacção natural de um cão a querer brincar.