domingo, abril 10, 2011

539 - VAZIO

Naquele tempo havia um Sonho. Era um tempo de céu azul, embelezado por farrapos brancos de núvens que traziam boas novas. Naquele tempo havia alegria. Não a do riso aberto (mas também) e sim a do sorriso e do brilhozinho nos olhos. Naquele tempo havia a certeza que os versos do T. eram os certos : pode-se amar alguém que escuta a mesma canção. Naquele tempo as árvores da Floresta eram frondosas, muito belas, onde o Verde era a cor dominante. Naquele tempo, o Mar, seu grande encanto, era azul, muito azul. E quando se tornava cinzento era lindo na mesma. Naquele tempo podia caminhar por montes e vales que nunca se cansava. Era um tempo de calma e recolhimento. Naquele tempo havia um Sonho.
...

Certa noite, o céu carregou-se de nuvens negras. (Já de manhã tinha havido ameaças). Não choveu, coisa estranha. Mas o ambiente ficou muito pesado, impossivel de respirar. E veio a tristeza. Não aquela que aparecia a espaços, mas uma tristeza profunda que destruía. Os olhos, já cansados, não tinham qualquer brilho. Deixou de ouvir as canções que tanto amava e até os pássaros, que acordavam a manhã, ficaram mudos. As árvores da Floresta, secas e mirradas, tinham uma imagem aterradora e uma cor parecida com o negro. O Mar enfureceu-se, deixou de ser amigo. E ficou perigoso, não só para quem nele entrasse, mas para todos os que o olhavam.
As pernas que caminhavam por montes e vales ficaram muito cansadas. Tinham desistido.
Naquela noite o Sonho morreu. Ficou o Vazio.

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1 Comentários:

Às domingo, 10 abril, 2011 , Blogger Justine disse...

Por vezes perde-se a coragem. Mas nunca podemos deixar morrer o sonho, nem instalar-se o vazio. Algures, temos de arranjar coragem para continuar de pé:))))

 

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