quinta-feira, maio 24, 2012

673 - Palavra Puxa Palavra (Renovação)

A foto desta semana no Palavra Puxa Palavra (Renovação)


Outras "renovações"






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quarta-feira, maio 23, 2012

672 - Pedras no Caminho

Posso ter defeitos, viver ansioso
e ficar irritado alguma vezes,
mas não esqueço de que a minha vida
é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si,
mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "Não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no Caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

Fernando Pessoa

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segunda-feira, maio 14, 2012

671 - Aniversário

"CONSERVATÓRIA DO REGISTO CIVIL DE COIMBRA"

Certidão de narrativa simples de registo de nascimento

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CERTIFICO que no livro de assentos de nascimento arquivado nesta Conservatória, referente ao ano de 1946, a folhas "tantas, existe um registo nº "tal" do qual consta que:
Às treze horas e quarenta minutos do dia catorze de Maio de mil novecentos e quarenta e seis, na freguesia de Coimbra (Sé Nova), concelho de Coimbra, nasceu um indivíduo do sexo feminino, a quem foi posto o nome completo de Isabel Maria .......

Seguem-se os nomes dos pais , e respectivas naturalidades

Por ser verdade, mandei passar a presente certidão, que conferi, assino e vai autenticada com o selo branco.


Conservatória do Registo Civil de Coimbra

Ano de 1968

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Nos anos sessenta as cópias das certidões eram mais ou menos assim. Hoje, informatizadas, são muito mais completas, mas "frias".
Vem isto a propósito do aniversário da Bé, que se celebra hoje. Sessenta e seis anos. Lembro uma carta que li em que ela contava ao Rui o engraçado da data: «Rebelde e tudo o mais, quase nascia no dia de Nossa Senhora de Fátima». E para ela isso não fazia sentido.
E vem a pergunta sempre repetida - feita pelo meu camarada de tropa, o Rui -"Onde te encontras Bé? que é feito de ti?"
Estejas onde estiveres recebe um abraço do teu amigo dos anos 60/70. E muitos parabéns."


Bé: O Rui não se lembra qual a flor que mais gostavas. Por isso manda-te esta.


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quarta-feira, maio 09, 2012

670 - Porquê ?

Olá Pai. Falei há dias com a Mãe. Falámos de si, como é óbvio. E disse-lhe que havia de contar histórias de comboio passadas consigo. Uma ou duas de que me lembrava.

Mas agora, Pai, estou demasiado triste. Têm sido as " partidas " que me abalam. Não da estação de Sintra ou do Rossio. Mas da Vida.
É injusto Pai, diga o que disser, que sabia ser um Crente Verdadeiro.
Ontem soube do J. Não o conhecia. Era Amigo de Amigos e sei que estão desolados.
Há duas semanas foi o M. Dele só conhecia o percurso, justo e terno.
(Vi-o uma vez em Almoçageme e como se sabía reconhecido sorriu-me. Um sorriso bonito, penso que Amigo)
Foram, não há muito, os amigos de Caxias, Paço de Arcos. Primeiro o T. que deixou a L. a tratar de tantos filhos e netos. Depois a M.S.J (porque não a fomos ver ao hospital?) O A.P. cuja esposa já partira, o P. amigo e padrinho. E tantos mais...

(O A., aquele menino querido que a S. tanto adora, lá está, em muito mau estado, num hospital, sem hipóteses de transferência, ao menos. Sem hipóteses, se calhar. E só me apetece chorar, gritar; porquê?)

Estou a ser "ignorante" ao questionar isto: porquê aqueles, os Bons, e não os outros que cá ficam a estragar-nos a vida?
(O Pai sabería explicar, mas agora não pode, não é?)
Porquê aqueles que faziam falta e não aqueles que estão cansados, desiludidos, com uma vontade tremenda de desistir? Porquê, porquê?

É madrugada ainda (apesar de mais tarde aparecer outra hora. A tal mania...). Vou esperar que o dia chegue. E ter esperança que a Vida prossiga no seu ciclo misterioso. Mas muito confuso de há uns tempos para cá.

Um beijo Pai. Fica para outra altura a história dos comboios.

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domingo, maio 06, 2012

669 - Dia da Mãe

 Estação de Sintra
 Estação do Rossio
Hospital de Santa Marta

Fotos do Livro "Estações Ferroviárias Portuguesas em postais ilustrados antigos", de Jorge Branco - Livros Horizonte
e foto de arquivo pessoal
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Lembra-se, mãe? Não, não se pode lembrar. Nos últimos tempos, e já lá vão cinco anos, já baralhava um pouco as coisas. Devido à doença, à medicação e ao resto. Quando a beijáva, chamava-se Miguel (seu neto) e perguntava: já tens netos? Surpreendia-me a sua fixação pela leitura. Sempre a mesma autora. Eram dezenas de livros de Agatha Christie, não sei se gostava mais do Poirot ou de Miss Marple, mas era um mistério para mim, como gostava de os ler.

Lembra-se talvez, pois era muito nova, quando me levava quase todos os dias (ou todos?) ao Hospital de Santa Marta. Aquela maldita doença, a meningite (na altura, quase mortal) tinha aparecido muito cedo, não sei se em Sintra ou ainda no Alentejo. E a sua dedicação, durante longos cinco anos, foi total. O pai trabalhava, a mana ainda vinha longe, e a mãe lá entrava comigo na estação de Sintra. Lembra-se dos comboios? Julgo que eram pretos ou de um verde escuro
(Um dia, surpresos, aparece o revisor, o tio Luís, pois nós viajávamos em segunda classe e ele só fazia serviço em primeira)
Saindo de Campolide, lá entrava o comboio naquele longo (para mim) túnel que ía dar ao Rossio. Fuligem por todo o lado e grande incómodo para todos os passageiros. Em Lisboa, passagem obrigatória pela Praça da Figueira (ainda havia a praça). Depois Portas de Santo Antão (ou Rua Eugénio dos Santos) Rua de S. José até Santa Marta. E alí, o Hospital. Onde me deram alta uns anos depois.

(Ainda hoje pergunto, como foi possível "safar-me", naquela altura. Fleming inventara a penicilia e havia algo a que chamavam Estretomicina(?). Se fiquei por aqui, por algo foi, mas ainda não descobri bem a razão...)

A mãe chegou a ouvir falar no TGV (sigla francesa que significa Trains à Grande Vitesse)? Queriam uma coisa dessas aqui para nós, mas devido a uma crise tramada, foi tudo anulado. Mas no Domingo passado, ao ir a Lisboa num dos comboios actuais, o que era aquilo senão um TGV? Comparado com os "nossos" comboios de então, não queira imaginar, mãe, o conforto, a velocidade, as novas estações renovadas,
(embora sinta saudades das antigas estações da CP)
e em Lisboa, debaixo de chão, imagine, havia algo parecido. Cheguei num pulo à Feira do Livro.
Não consegui fazer o percurso desde a Praça da Figueira até ao Hospital, como desejava, mas a idade já não permite. Mas não esqueci o percurso.

Passei anos e anos naquela linha de Sintra. O Pai havia de lembrar-se bem pois também fazia aquele trajecto diáriamente. Mas essa história conto-a noutro dia.

Hoje só queria estar mesmo ao pé de si. Afagar-lhe os cabelos brancos, olhar os seus lindos olhos, mesmo sabendo que já me confundia. A sério, mãe, goste ou não goste do que lhe vou dizer, queria estar aí consigo, abraçá-la. E não aqui. Não hoje.

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