Gritos...
Parece mentira. Ele grita, mete imagens de pintores famosos, acho que quer chamar a atenção. Quem devia gritar era eu. Ando aqui perdido, abandonado mais uma vez. O ano passado não me levou ao almoço, porque não podia entrar, blá blá e afinal até era uma esplanada. Ele sabe perfeitamente que eu me comporto como um cavalheiro. Canino, mas educado. As sardinhas que caíram da travessa não as apanhei eu.
Este ano, para não fazer a mesma triste figura, refugiou-se nas febras (ou fêveras, para alguns).
Adoro-as. Às febras. E mesmo assim não fui. Desta vez a desculpa, esfarrapada, é que não ia de pópó, mas de autocarro e não me deixavam lá entrar. Mentiras. Eu acho que me deixariam viajar, se eu jurasse portar-me condignamente.
É um ingrato o Zé. (Que se diz Viajante, ele que só anda aqui por perto). A minha vingança vai ser terrivel. Não lhe vou ferrar o dente, porque depois arrependo-me. Mas hei-de contar coisas dele que o vão deixar encabulado. E aqui para nós, muito em segredo ouvi dizer que ele nem se portou muito bem e " fragilizou-se " um pouco. Deve ter sido por isso que ele há tempos deu aquele Grito.
E fico por aqui.
Saudações caninas.
Simão