E a Gatinha e o Simão lá continuam...
À GRANDE E À FRANCESA - Viver com luxo e ostentação
Naquele verão os turistas tinham invadido a Vila. Simão nunca vira tanta gente estranha. Até que um dia uma viatura diferente - caravana ou coisa parecida - estacionara, durante uns dias, frente à sua porta. Vários humanos que não lhe chamaram a atenção, entravam e saíam. Mas com eles, linda, enorme, de pêlo cinzento, uns olhos azuis brilhantes, a mais bela cadela que ele já vira. E apaixonou-se ao primeiro olhar. Passava a vida a latir e a pedir rua, e quando isso não acontecia ía para a janela na tentativa de a ver. O que acontecia com frequência. Percebeu que era gente de muitas posses e algum luxo. Luxo esse que era extensivo à sua amada. Percebera também, pelas letras da viatura, que devería ser francesa. Oh, Paris, quem lhe dera poder passear com ela nos Campos Eliseos ou em Saint Germain. Como ele gostaría de viver com ela À GRANDE E À FRANCESA.
COISAS DO ARCO-DA-VELHA - Coisas inacreditáveis, absurdas, espantosas, inverosímeis
O Simão andava triste, cabisbaixo e um bocado chato. Ladrava e latia por tudo e por nada. E a razão, afinal, era a sua preocupação pelo estado do dono. Que andava estranho. Doente ? Talvez. Mas o pior dos sintomas era aquela apatia constante, a tristeza nos olhos, o choro disfarçado e uma vontade tremenda de dormir.(Alguma mosca tsé-tsé o picara...). Estava irreconhecível. Perdera o interesse por tudo aquilo que gostava. Andava ausente. Embora aparentemente tudo parecesse normal - para alguns - o Simão sabia que algo muito grave se passava. Para ele só podiam ser COISAS DO ARCO-DA-VELHA.